A ESCOLA QUE SEMPRE SONHEI
A ESCOLA QUE SEMPRE SONHEI
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração
Juventude e fé
(Coração de estudante - Milton Nascimento e Wagner Tiso)
Na última semana, ao abrir minha caixa de e-mail, me deparo com a mensagem de um amigo, que há muito tempo não mantinha contato. Fiquei surpreso positivamente, pois fomos colegas de classe em todas as séries do ensino fundamental e médio, de 1989 a 1999, na Escola Estadual Dr. Luiz Zuiani, na cidade de Bauru-SP.
A mensagem abriu as portas da minha memória, me transportou para o local que me permitiu aprender muitas das coisas mais importantes da minha vida! Como as amizades inesquecíveis, os/as professores/as encantadores/as e, principalmente, a paixão pela Educação Física; que me permitiu não ter dúvidas sobre a profissão que gostaria de ter quando fosse gente grande!
Mas, confesso que o amor pela instituição que frequentei diariamente, na Rua Aviador Gomes Ribeiro, 34-60, não foi à primeira vista. Me recordo fotograficamente das aulas, ainda no primeiro ano, frequentadas no período da tarde, que faziam me sentir preso e desejar que tudo aquilo logo acabasse. Sentia-me aterrorizado por imaginar que passaria a próxima década da minha vida dentro da escola.
Como tudo em nossa vida, aquele período passou muito rápido. E, hoje, refletindo, o sentimento que ficou foi de saudade. Pois aquela escola me ensinou muito mais do que eu poderia imaginar! Me ensinou regras gramaticais, sociais e afetivas. Me ensinou fórmulas de vencer, perder e conviver. Ainda hoje, aquela escola, a cada dois anos, me ensina a defender o direito democrático de votar.
Mas, o principal, aquela escola me ensinou a ter coração de estudante! Este coração me levou para outras escolas... Escolas de gente grande, escolas chamadas de pós-graduação e, por amar tanto as escolas, até me transformei em professor.
No entanto, entre as escolas que frequentei, são as escolas para o futebol, de dentro ou fora dos campos; seja de crianças, jovens ou de adultos, que me movem. Pois tenho a crença inabalável que a educação e o esporte, em especial o futebol, são capazes de transformar a vida de muitos brasileiros e brasileiras. E é por isso que, diariamente, construímos a Ginga Futebol, com a perspectiva de, no futuro próximo, sermos a primeira instituição esportiva educacional do mundo que proporcionará o jeito brasileiro de se aprender, ensinar, pesquisar, jogar, transformar e viver o futebol, da iniciação esportiva ao alto rendimento e da educação infantil à pós-graduação.
E, assim, como nos apresentou a Escola da Ponte, em seu fantástico livro “A escola com que sempre sonhei, sem imaginar que pudesse existir”; o inesquecível Rubem Alves nos mostrou que é possível construir um outro jeito de aprender. Mas, para isso, se faz necessário que mulheres e homens, como José Pacheco, mantenham seus corações de estudantes e, desta forma, insiram as crianças e todas as pessoas no centro do processo de aprendizagem!
Considerando que o futebol brasileiro permitiu a milhões de brasileiros e brasileiras aprenderem futebol de um jeito singular e sublime, podemos acreditar que é possível escolas de e para o futebol que sejam pautadas nos jogos e brincadeiras da cultura lúdica brasileira, que tenham os e as aprendizes no centro do processo, que respeitem as culturas dos espaços que estejam inseridas, que permitam a pluralidade e a transcendência e, assim como canta Milton Nascimento, que cuide da vida, que cuide do mundo, tome conta da amizade, nos ensine a alegria e nos faça sonhar!
São estas escolas que desejamos e por elas que trabalhamos! Pois a escola que sempre sonhei, um dia já frequentei e tenho certeza que está muito perto de existir!
Carlos Rogério Thiengo – Diretor da Ginga Futebol
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