Acordados!?
Acordados!?
Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?
(Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá)
Como muitos garotos nascidos nos anos 1980, cresci escutando Legião Urbana. Em cada lançamento uma canção que nos encantava e, provocava a busca pela compreensão das letras, que nos encorajavam a refletir a nossa sociedade, a nossa vida e o nosso existir!
Na segunda metade daquela década e no início dos anos 1990 tínhamos como horizonte a (re)construção de um país que procurava seus caminhos no campo social, econômico e, também, esportivo. Pois, diferente de meu saudoso pai, que tinha na memória a conquista do tricampeonato, eu não sabia o que era desfrutar da sensação do ver um país triunfando dentro e fora dos gramados.
Mas, aqueles desejos utópicos, pouco a pouco foram se cristalizando e se tornando conquistas possíveis de serem vistas e tocadas, como pontos de esperança para os diversos jogos da vida.
No entanto, as vitórias foram construídas com muitos enfrentamentos e derrotas, que em diversos momentos nos fizeram questionar sobre o caminho escolhido. Tanto dentro de campo, com a dolorida derrota na Itália em 1990, quanto a crise política e consequentemente econômica que se instalou no país, já no primeiro governo eleito pelo voto direto após a redemocratização.
E, como havia sido profetizado pela peça publicitária de um dos maiores jornais do país, “94 é (foi) um ano cheio de emoções, Copa do Mundo, URV e ainda eleições (...)”! Sendo um ano também marcado por perdas irreparáveis, que obrigaram os brasileiros e as brasileiras precocemente levar para a recordação, a imagem do capacete amarelo recebendo as bandeiras quadriculadas aos domingos, pelo mundo afora.
Naquele 1994, em um mês de julho como este, que no Brasil, mais precisamente no dia 19, em homenagem a fundação do Rio Grande, comemoramos o dia do futebol; iniciou-se a virada de uma história que nos alçou a três finais de Copa do Mundo, controlou uma inflação que se mostrava como um adversário invencível, como aqueles que nos impuseram derrotas capazes de questionarmos a nossa identidade e existência.
Ver, sentir e desfrutar deste momento de prosperidade futebolística e social, que nos legou resultados antes nunca imaginados na história deste país, como a hegemonia futebolística e a representatividade global com exemplo de crescimento econômico e melhorias sociais; me fizeram consolidar a crença que não era só imaginação, que muitas coisas podiam acontecer, que os esforços de gerações passadas não foram em vão e, que sim, somos capazes de vencer!
Como nos provocaram a imaginar um futuro distinto, com apenas um: será? Eu acredito que não é só possível ganhar uma Copa do Mundo em breve, como também é possível garantir que todos os jogadores e todas as jogadoras de futebol profissional do país tenham garantidos 40 jogos na temporada; garantir que existam espaços de prática, de formação e de trabalho com equidade para homens e mulheres. Acredito que a formação de jovens jogadores e jogadoras pode ser um dos grandes propulsores para que futebol se torne uma plataforma de desenvolvimento social, econômico e cultural do Brasil nas próximas décadas!
Entretanto, não basta apenas acreditar. Se o caminho é longo, precisamos começar a andar! E, sem dúvidas uma caminhada é muito mais feliz quando podemos contar com uma Legião de pessoas que decidem caminhar e cantar junto. Pois assim tenho certeza que não nos perderemos entre monstros, da nossa própria criação! Pois se precisar, como nos últimos anos, ficaremos acordados, construindo algumas soluções... Pois tenho a convicção que temos condições de responder, pelos acertos a mais. Vamos, eu e você?
Carlos Rogério Thiengo – Diretor da Ginga Futebol
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